Daniela Minello

O silêncio que ruída

Já era tarde da noite; as luzes quase não existiam; os ruídos haviam cessado.

Como de costume, preparei uma bacia com água mora para fazer meu escalda-pés.

Comecei a reparar nos sons que poderiam vir da rua mas eles quase inexistiam.

O som que a água da bacia fazia, era oriundo do meu movimentar os pés de um lado para o outro.

O silêncio era tão intenso que escutei meu estômago barulhar, mas já não era mais hora de me alimentar.

Resolvi respirar profundamente pelas minhas narinas e expelir o ar pela minha boca.

Por diversas vezes pude perceber o meu corpo se aquietando lentamente.

Meus batimentos cardíacos estavam tranquilos como que antecipando um completo adormecer.

Sequei os meus pés e despejei a água da bacia fora. O som que a água fazia, descendo pelo ralo da pia, ampliou meu estado de relaxamento.

Deitei e fui orar como sempre faço, e escutei uma voz que sussurrava bem próximo ao meu ouvido.

Tive a impressão de estar acompanhada e realmente estava.

O profundo estado de relaxamento que fui acometida, promoveu em mim um encontro singular.

Me permiti imaginar uma determinada situação e fui inundada pela percepção de uma serenidade e tranquilidade que me acompanhava.

Naquele momento tive a certeza do que eu era capaz, quando me permiti esvaziar-me dos excessos corriqueiros.

Dormi num profundo estado de paz e acordei com a nítida noção de consciência do que havia acontecido.

Toda vez que percebo, que estou precisando me reencontrar, crio estratégias de auto cuidado que promovem em mim, um esvaziamento daquilo que muitas vezes polui minha mente e o meu corpo.

Estes momentos, são presentes que me permito viver. São alimentos para o corpo, para a alma e para o espírito.

O ato de orar, em que criamos possibilidades infinitas de diálogos e escutas com Deus, nos permite um encontro com nossa força chamada fé.

Cada um com seus ritos e crenças, mas cuidando e vigiando seus modos de ser, agir e pensar. A consciência de quem somos e do que somos capazes em sua total plenitude.

Andamos tão ocupados que nem percebemos o quanto nossos silêncios estão precisando de nós e nós deles.

As vezes, é preciso pausar o corpo e a mente para poder escutar nossos ruídos.

Eles falam tanto a nós e sobre nós, que as vezes torna-se insuportável escutá-los.

Mas vou confessar uma coisa, no início a gente pode até tentar esbravejar ou resistir as nossas vozes interiores, mas no momento em que passamos a escutá-las, tomamos ciência de que nunca estivemos sozinhos.

Estar só, é estar na companhia da pessoa que mais deve ser escutada e sentida neste mundo: você.

A solitude é o melhor presente que você pode querer para viver sua experiência de paz interior. Seus silêncios serão sinfonias para a sua alma.

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